Números revelam desafios para casinos portugueses

Vito Zapata Olivera | 7 Agosto 2019

Números revelam desafios para casinos portuguesesUma análise aos jogos de fortuna e azar revela que, embora jogos como a raspadinha se encontrem em crescimento, os casinos portugueses têm gerado menores lucros.

Números recentemente apresentados pela Associação Portuguesa de Casinos revelaram que os casinos portugueses estão em queda no que diz respeito aos seus lucros. A primeira metade do ano 2019 foi bastante negativa para os onze casinos nacionais.

Segundo a Associação Portuguesa de Casinos, estes casinos tiveram, ao longo deste período, uma quebra de 1% - equivalente a 150 milhões de euros – nos lucros obtidos no primeiro semestre do ano, quando comparado com o mesmo período em 2018.

Estes dados, recentemente emitidos, revelam ainda que os dois melhores meses da atividade, em termos de lucro, foram os de Maio e Junho, sendo que estes meses, pelo grande dinamismo da sua atividade, evitaram que a quebra nos lucros ascendesse a valores ainda mais preocupantes.

O grupo Estoril Sol - entidade que gere o Casino do Estoril, o Casino da Póvoa de Varzim e o Casino de Lisboa – foi o maior afetado pela quebra, apresentando os menores ganhos na comparação com os restantes casinos nacionais.

A redução nos lucros dos casinos é, em parte, atribuída ao final dos contratos de concessão. Ainda que esta situação tenha vindo a apresentar-se extremamente negativa para os casinos portugueses, no entanto, esta não é a realidade de todos os jogos de fortuna e azar.

Dos casinos aos jogos da Santa Casa e aos jogos online

O fim dos contratos de concessão revelou-se, como vimos, muito negativo para os casinos, que assistiram a uma quebra de 1% nos seus lucros do primeiro semestre de 2019, face ao mesmo período no transato.

Durante este mesmo período, no entanto, os jogos de fortuna e azar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa revelaram um crescimento, assim como os casinos e as apostas desportivas online.

Dados recentemente lançados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa referiram que, ao longo do mesmo período – os seis primeiros meses de 2019 – o crescimento apresentado pelos seus jogos foi na ordem dos 2,3%, atingindo lucros superiores aos três mil milhões de euros.

O jogo favorito dos portugueses, no começo do corrente ano, foi novamente a raspadinha, sendo este, já há alguns anos, o favorito dos apostadores nacionais.

Já o universo online obteve lucros efetivos, que se transfiguraram em receitas na ordem dos 152 milhões de euros.

Assim, a perspetiva atual revela que, apesar da quebra efetiva sentida nos casinos físicos, os restantes jogos de fortuna e azar, como os jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e os jogos online – continuam a gerar receitas bastante positivas.

Os casinos mais afetados pela quebra nos lucros

Embora os números globais revelem, por si só, uma quebra preocupante nos lucros dos casinos portugueses, a verdade é que esta realidade não afeta de igual forma todos os casinos nacionais.

O grupo Solverde – gestor do Casino de Espinho, do Casino de Chaves, do Casino de Vilamoura, do Casino da Praia da Rocha e do Casino de Monte Gordo – conquistou, na soma dos seus lucros, menos 1,8% do que no primeiro semestre do ano anterior, número correspondente a 800 mil euros. Os lucros efetivos deste grupo foram na ordem dos 42,3 milhões de euros. A maior quebra do grupo foi nos lucros do Casino de Espinho, onde a quebra foi na ordem dos 2,5%.

O grupo Estoril Sol, detido por Stanley Ho, é o responsável pela gestão do Casino do Estoril, do Casino da Póvoa de Varzim e do Casino de Lisboa, detendo cerca de 63% deste negócio a nível nacional. Estes casinos revelaram, ao longo do primeiro semestre de 2019, uma redução nos lucros na ordem dos 94 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano; equivalentes a 2% face ao ano transato. Entre os seus casinos, destaca-se o lucro obtido pelo Casino Lisboa, que registou uma quebra de 0,6% face ao ano anterior, somando apenas 42 milhões de euros.

Apesar deste cenário, houve também casinos que viram os seus lucros aumentar neste primeiro semestre de 2019. O maior crescimento foi no Casino de Tróia, atingindo um aumento de 21% nos seus lucros. Outros casinos, no entanto, como o Casino Figueira (gerido pela Sociedade Figueira Praia) registaram também um aumento nas suas receitas, na ordem dos 3,5%. Também o Casino da Madeira registou um aumento nas receitas, com lucros 11% superiores aos do primeiro semestre de 2018.

Este cenário revela, portanto, que os casinos físicos estão – com algumas exceções -  em situação de quebra, obtendo lucros menores. Além do fim dos contratos de concessão, outra causa possível é a abertura de mais casinos online que, como vimos, se encontram atualmente em crescimento económico.