Conheça melhor o "clicktivism" e o que isso representa nos dias de hoje

Vito Zapata Olivera | 15 Outubro 2018

pessoa a segurar o mouse e utilizar o computador Com o avanço da tecnologia e a explosão de acesso às redes sociais, o movimento do "clicktivism", palavra em inglês que significa ativismo digital e que faz uma analogia com o fato das pessoas se engajarem em causas sociais com apenas um clique, está a ganhar uma grande relevância. No continente europeu, algumas plataformas online que promovem petições e abaixo-assinados, como o 28 Degrees e o Change.org, já contam com dezenas de milhões de usuários ativos e estão a atuar de forma significativa no cenário político e social.

Enquanto essa tendência vem se tornando cada vez mais forte, instituições e associações convencionais de caráter social, como os partidos políticos, estão perdendo relevância perante a sociedade. No caso do Reino Unido, o índice de cidadãos que pertencem a algum partido é inferior a 1%, o que representa uma queda substancial de participação quando comparado a década de 80, por exemplo.

Entretanto, ao contrário do que muitos imaginariam, recentemente o censo anual British Social Attitudes Survey (BSA), um dos mais inclusivos das ilhas britânicas, estabeleceu que a população local nunca demonstrou tanto interesse por política como nos dias atuais. Na década de 80, cerca de 29% dos britânicos afirmaram pesquisar e ler sobre o assunto, à medida que, atualmente, essa porcentagem alcançou o patamar de 36%, impulsionado precisamente pela alta do ativismo digital nas redes.

Críticas ao "clicktivism" e a sua ascensão

Apesar da popularidade entre os usuários da Internet, o ativismo digital tambémselfie com um grupo de ativistas tem recebido muitas críticas, especialmente de membros do governo e de pessoas ligadas a entidades filantrópicas tradicionais. Alguns políticos já expressaram publicamente suas opiniões de que o grande fluxo de mensagens e de petições online recebidas diariamente são um aborrecimento e não contribuem para nada.

Pessoas ligadas a instituições de caridade, como a cantora australiana Danielle de Niese, também já criticaram os usuários das redes sociais e das plataformas de petições online por serem ativistas apenas da Internet, e por, supostamente, não contribuírem dedicando tempo e dinheiro para essas causas.

Quando questionado sobre o tema, o CEO do 38 Degrees, David Babbs, minimizou as críticas e as classificou como elitistas. De acordo com ele, o ativismo digital é um movimento importantíssimo pois agrega dezenas de milhões de pessoas, e pressionam as autoridades do governo a tomar decisões de grande impacto social. Para David, está claro que as pessoas não estão navegando na Internet apenas para se entreter e jogar roleta online, tendo em vista que estão dedicando parte de seu tempo para defender causas nobres e compartilhar conteúdos importantes com os amigos e familiares.

O futuro do ativismo digital

Para continuar crescendo e engajando os seus usuários, as plataformas que promovem o "clicktivism" possuem alguns desafios importantes pela frente. Entre eles, tudo indica que esse novo estilo de ativismo irá superar a esfera digital e chegará até as ruas. Nos últimos tempos, algumas campanhas que começaram na Internet já conseguiram mobilizar e atrair o público em manifestações e mutirões em prol de uma causa em comum.

Também para facilitar o contacto entre os ativistas e a classe política, plataformas como o Change.org estão criando novas ferramentas de comunicação entre os dois grupos. Essa iniciativa foi aprovada por uma parcela dos políticos do continente europeu, os quais têm utilizado essas ferramentas para prestar contas sobre temas e questões abordadas nas petições e nos abaixo-assinados. Sendo assim, tudo indica que o ativismo digital continuará com grande influência no futuro, pois o mesmo está se readaptando as novas tecnologias e as demandas dos usuários.